As
características distintas do cometa 67P / Churyumov-Gerasimenko, tais
como a sua crosta orgânica negra, são melhores explicadas pela presença
de organismos vivos debaixo de uma superfície gelada, dizem eles. Os
peritos sugerem que o cometa é mais propício para a vida do que as
regiões polares da Terra.
Rosetta,
a nave espacial europeia que orbita e explora o cometa, também detectou
fragmentos estranhos de materiais orgânicos que parecem partículas
virais. Infelizmente, Rosetta e Philae não estão equipados para procurar
evidências diretas de vida, após uma proposta para incluir a habilidade
na missão ser vetada por um tribunal.
O astrobiólogo Chandra Wickramasinghe, que estava envolvido no planejamento da missão há 15 anos, disse: "Eu queria incluir um experimento de detecção de vida muito barato. Na época, pensava-se que era uma proposta bizarra”. Ele
e seu colega, Max Wallis, da Universidade de Cardiff, acreditavam que
67P e outros cometas semelhantes poderiam fornecer ambientes ideais para
micróbios similares aos "extremófilos", que habitam as regiões mais
inóspitas da Terra. Os cometas podem ter ajudado a semear a vida na
Terra, e, possivelmente, de outros planetas, como Marte no início da
vida do sistema solar, eles argumentam.
Os
astrônomos vão apresentar as descobertas do cometa 67P na Assembleia
Nacional de Astronomia da Royal Astronomical Society, em Llandudno, País
de Gales.
O
cometa, descrito como parecendo um “pato de borracha”, encontra-se a
284.4 milhões de quilômetros da Terra e viaja a mais de 117,482 km/h.
Wickramasinghe
e Wallis realizaram simulações de computador que sugerem que os
micróbios poderiam habitar regiões lacrimejantes do cometa. Organismos
que contêm sais anticongelantes poderiam estar ativos em temperaturas
tão baixas quanto -40 °C, revelou a pesquisa.
O
cometa tem uma crosta negra cobrindo gelo de hidrocarboneto e crateras
de fundo chato contendo “lagos” de águas congeladas com detritos
orgânicos. “O
material escuro está sendo constantemente reabastecido ao ferver por
conta do calor do sol. Alguma coisa deve estar fazendo isso em um ritmo
bastante prolífico”, revelou Wickramasinghe.
Os
mecanismos biológicos foram a explicação provável para as grandes
quantidades de gases orgânicos que tinham sido observados em torno de
cometas, juntamente com a água que ele continha.
Uma
descoberta tentadora foi a de que 'grupos de partículas' orgânicos nos
gases que cercam o cometa são semelhantes a partículas virais coletadas
da atmosfera superior da Terra. "Elas podem ser partículas virais", disse o professor Wickramasinghe.
Como
o cometa atinge o seu ponto mais próximo do Sol a uma distância de 195
milhões de km, é provável que seus microrganismos tornem-se mais ativos,
disseram os cientistas.
Wickramasinghe,
diretor do Centro de Astrobiologia de Buckingham, acredita que é hora
de mudar o pensamento sobre o assunto, pensando na possibilidade da
existência de vida alienígena. “A
atual estimativa para o número de planetas extra-solares na galáxia é
de 140 bilhões ou mais. Os planetas que podem abrigar vida são realmente
muito abundantes na galáxia, e o próximo sistema vizinho está apenas a
uma distância mínima. Eu acho que é inevitável que a vida seja um
fenômeno cósmico. Quinhentos anos atrás era uma luta para que as pessoas
aceitassem que a Terra não era o centro do universo”, disse.
Missões
futuras no 67P e outros cometas devem incluir instrumentos de busca de
vida, disse ele. Mas as agências espaciais parecem relutantes em se
envolver em uma busca séria por vida, por conter “um paradigma
estabelecido há muito tempo”.
“Rosetta
já mostrou que o cometa não pode ser visto como um corpo inativo
ultracongelado, suportando processos geológicos, podendo ser mais
hospitaleiro para a micro-vida do que nossas regiões árticas e
antárticas”,finalizou Wallis.
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